segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Meu potinho

Fiquei pensando no potinho de boas lembranças que você mencionou. É o espólio dos áureos e inocentes tempos... É muito provável que tenhamos tesouros em comum em nossos potinhos. E, por incrível que pareça, às vezes, sinto medo de abrí-lo, como se fosse a caixa de Pandora. Pena que o que está lá dentro não irá se disseminar como na mitológica história.

Talvez eu tema que seu conteúdo se dissipe, evapore com o tempo. Que fique vazio. Que eu fique vazia. Ou que não aconteçam coisas tão boas capazes de reabastecer o potinho.

Eu sou o Grinch!

Enquanto todos comemoram o aniversário do herdeiro do Cara, eu vivo o meu inferno astral. É sempre assim. Desculpe, eu não cultivo muito o espírito natalino e já adianto que dificilmente o encontrará por aqui. Não vá pensando que é uma questão religião e ou algum tipo de revolta contra o sistema capitalista-cristão-ocidental vigente. Talvez seja só falta de costume.
Não gosto de shopping cheio no calor, de programas especiais de Natal, filme estilo “Esqueceram de Mim” na Sessão da Tarde. Mas o pior mesmo é essa cobrança para estar feliz. É isso ou a depressão. Não existe meio termo. Pode me chamar de rabugenta. Provavelmente, é o que eu sou.
Deixo registrado aos que acreditam no bom velhinho, nas decorações com luzinhas, no peru e no amigo secreto, que desejo um feliz Natal, desde que me deixem aqui quietinha. Não sou depressiva, atéia ou o monstro do Lago Ness, apenas uma pessoa sem espírito natalino. Quem sabe um dia o Papai Noel não me dá um de presente....

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O amor é sexualmente transmissível

Ultimamente tenho lido uns livros com uns títulos meio compridos tipo “Eu ouviria as piores notícias de seus lindos lábios”. Uma amiga disse que acha bonito, tem vontade de ler só pelo título. E, de qualquer forma, vale a leitura pelo seu conteúdo mesmo. Mas o que me chamou a atenção, na verdade, foi o título do primeiro capítulo: “O amor é sexualmente transmissível”. Já terminei de ler o livro, mas essa frase ficou na minha cabeça. Achei bonita a forma de pensar, deixando para trás aquelas histórias de amores castos, puros, dos contos de fada, em que todo mundo vive feliz para sempre; ou aqueles filmes românticos em que as cenas de sexo aparecem em câmera lenta, com jogo de luz e sombra e, se possível, com uma música lenta ao fundo.
No romance do livro (e na vida real), essa frase é a versão romântica do tal ditado grosseiro “Amor de pica, fica”. Fica, e daí? Sexo tem suor, cheiro, agressividade (mais, ou menos, ao gosto do freguês), sacanagem (no bom sentido) e amor. Já vi casos de relacionamentos que não conseguiram vencer a barreira do sexo não satisfatório e de gente que se apaixonou depois de fazer sexo sem compromisso. É menos romântico? Acho que uma história de amor que nasce a partir do sexo também pode ser bonita. É o que acontece no livro. E na vida real. Chega de tentar encaixar a vida nos moldes das comédias românticas e dos contos de fadas.

A odisséia dos inquietos

Cristina, do filme “Vicky, Cristina e Barcelona”, não sabia o que queria, mas tinha certeza do que não queria. Quando tudo parecia bom o suficiente, que ela tinha alcançado o que queria, aquela voz vinha e martelava em sua cabeça. Uma insatisfação crônica que não sabe de onde vem e nem para onde vai. Mas ela a segue. Quando esse sentimento aparece, ela arruma as malas em busca de algo que desconhece.
Na Marie Claire, tinha uma matéria sobre isso, mas lá tinha outro nome: “geração odisséia”, pessoas entre 24 e 35 anos que estão sempre mudando, seja de residência, viajando, fazendo cursos mais diversos possíveis. A matéria explica que é uma fase a mais na vida moderna de algumas pessoas, que nascem, passam pela infância, adolescência, odisséia, vida adulta, aposentadoria ativa e velhice. É uma fase de quem se permite mais liberdade de experimentar, sem a preocupação de fixar raízes em uma casa, família ou trabalho, pelo menos até que chegue a hora. Os trinta são os novos 20, dizem. Significa que ainda estou na adolescência e essa vontade de não sei o que deve ser um sintoma dessa tal vida moderna.