domingo, 15 de julho de 2012

A fábula das estações

Ela vem de um lugar em que é sempre verão, não importa a época do ano. Luz do sol radiante, calor, alegria. Um dia, ela decidiu partir para tentar conhecer as outras estações do ano das quais tinha ouvido falar.

Na primeira parada, conheceu o outono e se encantou! Em vez de tristeza pelas folhas caindo, ela viu a beleza do tapete dourado que cobria os parques, sentiu o vento já um pouco frio, mas acompanhado daquele sol de raios alaranjados no rosto.

Continuou caminhando e enfrentou o tão temido inverno... Sim, os ossos chegavam a doer e as extremidades do corpo pareciam congeladas naquelas longas noites. Sim, noites, já que nessa época o sol se encarrega de iluminar o verão que ela deixou para trás. Tempos difíceis, que podem ser visto pela sobriedade dos casacos escuros e dos rostos escondidos atrás dos cachecóis cinzentos. Até que um dia, ela acordou, abriu a porta e a paisagem tinha se transformado. A neve abafava o som e a cidade estava pacificamente branca. Por um breve momento ela conseguiu ouvir seus pensamentos com mais clareza. O que não durou muito tempo, já que alguém atirou uma bola de neve em suas costas e a brincadeira começou como se todos tivessem nove anos de idade. Talvez tenham mesmo.

A primavera, ela já sabe, é recomeço. A neve derrete e as cores começam a voltar ao seu devido lugar, assim como a esperança. Mas para ela, é o fim de um ciclo. Ela sabe que é hora de voltar para a terra do verão eterno. Percorrendo as estações, ela viu que é possível haver beleza, ainda que peculiar, no que não é senso comum. Que a perfeição não é necessária, ou que ela pode existir de acordo com os olhos de quem vê. Que assim são as estações, as pessoas, ela mesma.
O verão é demais! Mas não é a única nem necessariamente a mais bela, como a ensinaram desde pequena.