terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Dia da Marmota

Os dias dela passam, às vezes, muito devagar, enquanto olha para a tecla do computador e faz o que precisa ser feito. Tudo de novo. Mais do mesmo. De repente, olha para trás e vê que passou muito rápido, foi tudo muto igual. Num dia qualquer, mais um, ela acorda, abre os olhos de repente, se levanta e grita. Grita muito. Começa a correr em círculos, abana os braços, como se estivesse se afogando e pedisse ajuda, mas sem a parte da água.

Ela começa a correr. Não se sabe se para o prepício, se para o horizonte ou se simplesmente corre prara se afastar momentaneamente da marmota que a draga para o tédio.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Post de um dia frio e chuvoso ou O pé na bunda

É, é meio chato tomar um pé na bunda, não ter as suas ligações retornadas, sentir-se abandonado. O sintoma-mor é o sumiço repentino e os nossos rastros sendo apagados das lembranças virtuais do ciberespaço. Se ainda assim tentar uma aproximação, geralmente, o resultado é uma aparição monossilábica vinda da Sibéria, ou um momento DR da verdade. Ainda não descobri qual é o pior.

Aí, dá bode de ter que sair, que sorrir e jogar conversa fora, tomo mundo perguntando porque fulano não veio ou como está a sicrana. O chocolate se torna uma companhia mais compreensiva. Um filminho água com açúcar para adoçar um pouquinho o coração e para fazer lembrar que vai passar e uma nova história surgirá.

Até lá, só a dor de cotovelo, que fica coçando nas piores horas e me lembrando que é, é realmente chato tomar um pé na bunda.

domingo, 11 de julho de 2010

Insônia

De madrugada, tudo fica mais silencioso, o que facilita ouvir os próprios pensamentos. Aqueles que devem ser colocados em ordem, ruminados. Aqueles que ficam abafados no blá blá blá do dia. Aqueles que fazem com que prefira passar a noite de insônia num lugar com música alta, luzes piscantes e gente se apertando. Uma boa desculpa para mantê-los no limbo qualquer da cabeça.
Sim, porque no silêncio da madrugada solitária, eles gritam pedindo para sair. Gritam o que nem sempre quero ouvir, encarar, resolver. Eles pedem atitudes. Mas, em geral, estou muito cansada para resolvê-los ou para lutar contra eles. Só me resta, fechar os olhos e esperar o despertador tocar para sair, à luz do dia, e abafá-los no blá blá blá.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A vida não é uma novela. É um seriado

Quando eu tinha 10 anos, já tinha tudo esquematizado: aos 18, seria adulta, pois, afinal é a tal maioridade, quando não rpecisa mais mostrar a identidade para nada, tira a carteira de motorista, entra na faculdade, pode ir até ao motel! Aos 21, eu me formaria, ao 23 estaria casada e com 25 já teria pelo menso um filho. Tudo isso com um marido muito bacana e uma carreira de sucesso. Ok, pelo menos me formei aos 21. Fora isso, nada saiu muito como o planejado. Mas a graça está nisso, é o que me dizem. Afinal, não é possível controlar tudo e, em troca, coisas inimagináveis também aconteceram. Até porque, aposto que ninguém, aos 10 anos, pensa que vai dormir com alguém só por diversão, que vai flertar com pessoas comprometidas ou que a tal carreira porfissional se resume em oito horas diárias de segunda a sexta numa baia. Mais uma vez, a graça estará na reviravolta, para quem tiver o desprendimento de uma menina 10 anos que acha que tudo é possível quando se deseja.

Definitivamente, a vida não é como na novela, na qual, não importa o enredo, sempre termina igual, com casamentos, punição do bandido e uma lição de moral com fundo musical. Está mais para seriado, que começa de um jeito super empolgante, mas na décima temporada, perde o frescor, começa a apelação e termina de um jeito meio com cara de “esperava mais”. Mas, só pra constar, eu ainda devo estar na terceira temporada, viu?

Relacionamentos tóxicos

Oh, the taste of your lips, I'm on a ride

You're toxic, I'm slippin' under

Oh, the taste of your poison paradise

I'm addicted to you

Don't you know that you're toxic

And I love what you do

Don't you know that you're toxic

(Toxic, Britney Spears)

Ele é irresistível, ela mexe com a cabeça dela. Ele é sufocante, ela desaparece sem dar satisfação. Ele destrói a autoestima dela, ela deixa de ser quem sempre foi e não sabe quem é mais. Eles sabem que isso não vai dar certo, que não tem futuro. Mas como faz para acabar de vez? Na verdade, daquela vez foi definitiva. Desta vez também será. Quando isso acaba? Quando um dos dois se livrar do vício? Quando um encontrar o antídoto em outros braços? Enquanto isso, há algum anestésico para suportar esse martírio que, não vou negar, tem momentos deliciosos, porém, fugazes? Todo mundo avisou, eu sei. Mas eis o destino: ser envenado ou sentir-se vazio.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Aceite o mistério

O cronista Xico Sá diz que quando uma mulher começa a falar muito em astrologia é porque está insatisfeita e, provavelmente, o pobre mancebo levará cartão vermelho. Acho que não só as mulheres, mas o ser humano, está sempre tentando saber o futuro. Já ouvi falar que a coluna mais lida num jornal é o horóscopo. Depois, deve ser a parte que resume o que vai acontecer na novela. Afinal, a gente sempre quer saber o que o destino reserva aos personagens. Aí a gente vai ler a mão, borra de café, runas, mapa astral, tarô, vidente, santo que baixa e o que mais prometer nos tirar dessa angustia de não saber o que será do amanhã, rezando para que seja diferente do hoje.
Mas será que tira mesmo? No filme “Matrix” há uma cena em que o Oráculo avisa o Escolhido para tomar cuidado com o vaso. Ao perguntar a que vaso se referia, ele se vira e o derruba. A questão é: ele derrubaria o vaso se não tivessem avisado?
E o destino de Laio, Antígona e Édipo terminaria do mesmo jeito se rei não tivesse tentando tanto evitar o (in)evitável? Será que é melhor apenas esperar para ver o que acontece? Não fazer nada e aceitar o tal destino? Muitas perguntas e nenhuma resposta. É a conclusão que cheguei ao assistir ao filme “Um homem sério”, dos irmão Cohen.
Às vezes, a gente acha que está fazendo tudo certo, como manda o figurino, mas, um dia, você acorda e parece que não é suficiente. E queremos saber por quê. E quem pode responder? E mais, a gente vai acreditar nas repostas? E mais ainda, a gente vai esperar o que foi dito na resposta acontecer, vai fazer acontecer? Vai fugir? E a garantia? Soy yo!

sábado, 8 de maio de 2010

Melancolia virtual

Nesse negócio de rede social na internet em que se conhece pessoas com interesses afins, mantém contato com amigos numa outro plataforma, além da presencial, e “revê” pessoas que já passaram pela sua vida. Da escola, do bairro em que morava, da faculdade, dos empregos anteriores, dos locais pelos quais passou. Alguns desses reencontros trazem alegria, outros nem tanto. Hoje, enquanto escrevo, eles trazem à tona o meu lado melancólico. Pessoas que fizeram parte de um período, até de apenas um dia, da minha vida ganham valor simbólico. Do que poderia ter sido, lembram-me do que não foi e me faz querer outra coisa que não é isto aqui. De novo.
Se só houvesse a minha memória, essas pessoas teriam ficado exatamente naquele último momento em que nos vimos ou nos falamos. Mas elas têm uma vida também. Elas fazem coisas que talvez eu gostaria de fazer, elas estão com outras pessoas que não sou eu, elas estão em lugares em que eu gostaria de estar. Elas estão lá na minha rede social para me lembrar o que eu poderia ter sido, vivido, mas não é.