sábado, 12 de novembro de 2011

Happiness

Ladies and gentlemen, hoje foi um daqueles dias em que me senti uma otimista. Caso raro, quem me conhece, sabe. Enquanto caminhava pelo Thames Path, eleito meu lugar favorito para pensar na vida, rolou uma epifania. Estou me sentindo feliz. O melhor é que não é aquela felicidade plena, continuo não acreditando nela, por mais otimista que um dia eu acorde. Para mim, esse é o tipo de felicidade que se espera ao ganhar na loteria sozinha e encontrar o príncipe encantando (ao mesmo tempo, é claro). Ou seja, é algo pra correr atrás como ratinho na rodinha dentro da gaiola.

Não, alcancei aquela felicidade que se sente num dia comum, aquela que existe apesar da falta, da adversidade, da incerteza. Aquela que não vem acompanhada da segurança e, por isso mesmo, é mais livre. Quando percebi isso, deu até vontade de chorar.

E, para quem ainda me pergunta se me arrependo de ter vindo, posso dizer, com certeza, que não. Qualquer medo se esvaziou com o fato de que sinto uma felicidade que há muito tempo não sentia e, por um período, achei que nunca mais sentiria. Aquela que dá vontade de chorar, porque é real. Aquela que não depende de ter tudo o que quer, mas de se sentir bem e em paz, apesar dos pesares. Aquela que talvez não seja para sempre como nos contos de fadas, mas é memorável.

domingo, 21 de agosto de 2011

Maturidade

Na adolescência, quando o caldo começa a entornar, alguns itens dessa teoria começam a cair. Mas, o importante é que quando a maioridade chegasse, tudo seria possível e o mundo seria mais fácil, mais gentil. NOT.

Agora, sou considerada adulta, vivo cercada por adultos – de igual para igual. Lembro-me que no início, há uns dez anos, isso era assustador. Pensava “como eles podem confiar em mim dessa fora para fazer isso?” ou “o que eu estou fazendo aqui?”. Ainda não havia absorvido que tinha entrado para o clube.

Fazendo parte do clube da maturidade, acho engraçado quando as pessoas falam “tal pessoa ainda é imatura, mas quando ficar mais velha, melhora”. Quer dizer, não sei se acho engraçado, acho apenas curioso. Com quase trinta anos, convivendo com pessoas da minha idade e até mais velhas, passei a ver que aquela maturidade idealizada, sinônimo de sapiência, paciência, onisciência não tem a ver com idade. O tempo traz experiência, isso é inegável. Mas acho que ela não é o fator determinante para alcançar a maturidade. É preciso ter lucidez, humildade e até pré-disposição para transformar tempo e experiência em maturidade realmente.

Assim, para mim, por enquanto, o melhor conceito de maturidade é o das frutas. É a passagem do tempo rumo ao fim.

Estrangeiro

É comum ficar viciado em séries de T. Atualmente, acho que estou aficionada pela série de pequenos documentários “Amores Expressos”. A série junat literatura e viagem, logo, é fácil de defender esse meu vício. Ainda não assisti a todos, mas alguns me chamaram a atenção. Eu, que adoro fazer terapia na escola da psicanálise do dia a dia, parei para pensar sobre o que alguns autores descrevem sobre a experiência de passar um tempo num outro país em busca de uma história que ainda não se sabe qual é. Principalmente no caso de um país muito longínquo, seja geograficamente ou culturalmente. A questão de ser um estrangeiro. E mais, a questão de se sentir um estrangeiro. Sobre o fato de dois deles descreverem que se sentem tão estrangeiros naquele lugar quanto em sua cidade, em seu bairro, em seu país de nascimento. Ao menos, sentir-se um estranho de papel passado em outro lugar parece mais lógico, mais reconfortante.

No momento em que ouvi isso, achei que fez todo sentido! Afinal, sentir-se um estrangeiro no seu lugar de origem é estranho, faz sentir que há algo de errado consigo, gera desconforto. As pessoas ao redor também acham isso, ainda que não digam. Em geral, elas dizem, não com todas as palavras, mas dizem. Isso me deu um sopro de alento. Pelo menos posso usar como desculpa para essa vontade de estar em outro lugar, de viver outras vidas, de ser um estrangeiro de fato. Se for para ser um estranho, ao menos serei um estrangeiro!

Para mim, que costumava ser um estrangeiro no meu corpo, que não me reconhecia entre os meus e que nunca foi de Carnaval, talvez veja o exílio em outro países como uma chance de ser eu. Em outro lugar.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Liberação

Parei para pensar, mas achei que era melhor sentir. Na linha cronológica do meu coração já passou incompreensão, raiva, indiferença. Um dia, decidi que eu precisava me curar e que, para isso, precisaria te perdoar. Eu sei, não é você que precisa do meu perdão, sou eu que preciso me livrar desse peso, dessa sombra que me cerca e não deixa que eu me aproxime de outras pessoas, como deveria ser.

Mas ao deixar apenas a mente livre e observar os pensamentos e os sentimentos, descobri que o melhor remédio mesmo para fechar esse ciclo é agradecer. Sim, agradecer. Afinal, quem me garante que se tivesse sido diferente teria sido melhor? Quem me garante que a sua presença teria me transformado numa pessoa melhor?

Esta é a pessoa que sou hoje. Com diversas características, não vamos falar em defeitos e qualidades. Todas elas têm um pouco de você, sim, efeitos da sua ausência, dos seus breves momentos presentes, suas escolhas, minhas escolhas. Isso faz parte de mim e, por isso, agradeço. De verdade.

Espero com isso fechar esse ciclo de lágrimas e começar uma nova linha cronológica com novos personagens e, principalmente, com novos sentimentos.