Ladies and gentlemen, hoje foi um daqueles dias em que me senti uma otimista. Caso raro, quem me conhece, sabe. Enquanto caminhava pelo Thames Path, eleito meu lugar favorito para pensar na vida, rolou uma epifania. Estou me sentindo feliz. O melhor é que não é aquela felicidade plena, continuo não acreditando nela, por mais otimista que um dia eu acorde. Para mim, esse é o tipo de felicidade que se espera ao ganhar na loteria sozinha e encontrar o príncipe encantando (ao mesmo tempo, é claro). Ou seja, é algo pra correr atrás como ratinho na rodinha dentro da gaiola.
Não, alcancei aquela felicidade que se sente num dia comum, aquela que existe apesar da falta, da adversidade, da incerteza. Aquela que não vem acompanhada da segurança e, por isso mesmo, é mais livre. Quando percebi isso, deu até vontade de chorar.
E, para quem ainda me pergunta se me arrependo de ter vindo, posso dizer, com certeza, que não. Qualquer medo se esvaziou com o fato de que sinto uma felicidade que há muito tempo não sentia e, por um período, achei que nunca mais sentiria. Aquela que dá vontade de chorar, porque é real. Aquela que não depende de ter tudo o que quer, mas de se sentir bem e em paz, apesar dos pesares. Aquela que talvez não seja para sempre como nos contos de fadas, mas é memorável.