domingo, 23 de março de 2008

Um almoço de domingo que dura até o jantar falando sobre o nada. Passar um sábado à tarde num bar falando sobre o nada. Um telefonema de horas só conversando amenidades. Um convite para assitir a um filme despretensioso. Uma mesangem de celular só pra comentar uma matéria que viu na revista. Reunião pra assistir o útimo capítulo daquela série de TV. Jantar juntos sem motivo especial no meio da semana. Discussões homéricas e filosóficas sobre uma comédia romântica vazia.
Amigos não são só para as horas alegres. E nem só para as horas tristes.

Quando eu me basto

As vezes eu me basto. Frase ótima de um amigo meu. É engraçado como as pessoas acham curioso ou até merecedor de pena quando alguém diz que aprecia ir ao cinema sozinho ou vai a um restaurante sozinho no fim de semana. Mas até que é compreensivo. Talvez seja preciso coragem para passar um tempo consigo mesmo, ouvir o que tenho a dizer sobre mim, sem meias verdades.
Afinal, quem não fica em casa sozinho e logo liga a TV ou o rádio para lhe fazer companhia, fazer barulho para não deixar ouvir nossos próprios pensamentos e espantar a sensação de solidão? Não é fácil aguentar a si mesmo, mas acho que é necessário. Mas a regra é: preciso dosar e ser uma terapia auto-terapia voluntária. Esses momentos podem servir para apreciar a própria companhia e até pode ser um termômetro, pois quando nem eu suporto passar um tempo comigo é porque a coisa não vai muito bem...
Não é preciso ficar completamente sozinho, pode-se ter a companhia de um bom CD, um livro, um filme e uma panelona de brigadeiro, mas não como uma fuga, só como ferramentas para passar mais tempo comigo mesma. Sobrevivi a mais esse exercício.

domingo, 16 de março de 2008

Decifra-me ou devoro-te

Sempre tive dificuldados com perguntas de sim ou não. Te falei isso logo que a gente se conheceu. E que mania que o povo tem de perguntar pras outras se elas estão felizes... E não sei se é melhor mentir pra não ver a sua cara de desapontamento e preocupação ou fazer a minha cara blasé que você já conhece.
Não sou boa com perguntas de sim ou não porque, talvez, eu não seja tão prática e racional quanto gostaria. Ainda mais quando perguntam sobre sentimentos.
Estou me acostumando às mudanças. É tudo o que posso afirmar. E a única resposta que posso dar neste momento é que estou feliz agora. E chega de perguntas.

"Entramos em silêncio no novo apartamento, certo que ia começar uma nova vida ali. Mas logo cheguei à conclusão que a gente nunca começa nada, a gente continua. Ia continuar a minha vidinha ali. Com aqueles pedaços do passado, uns vizinhos do presente e uns nacos de futuro". Mário Prata

domingo, 9 de março de 2008

Fui batizada de pé, não fiz primeira comunhão e não escolhi uma religião. Mas, em pleno centro de São Paulo, uma ida à igreja da Praça da Sé é praticamente uma paradinha turística obrigatória. Um monte de pessoas passam ao lado dela, muitas outras ficam jogadas em suas escadas. De repente, todo o barulho e a multidão ficam longe e diante daquela opulência oprimente traz a calma para o selvagem pensamento do dia-a-dia. Isso não tem a ver com religião.

Sento-me no banco, mas, em vez de rezar, prefiro ficar olhando as pessoas a minha volta. E, naquele momento, gostaria de ter o poder de ouvir pensamentos. A curiosidade mataria um gato.

O que leva aquela mulher até lá? doença? dinheiro? agradecimento? ou só um bate-papo com o Cara?

Tem aquele que olha para o altar, mas seu pensamento está muito além... O meu também. Tem aquele que aproveita pra tirar um cochilo, estudar, ler um pouco.

Lembrei da minha ida ao templo budista. A filosofia ou o dogma pouco importa importa naquele momento. Eu só quero a calma e um tempinho para tomar fôlego antes de atravessar aquela enorme porta e enfrentar o barulhento e terreno mundo em que vivo. Ah, mas também não seria nada mal poder ouvir as preces e as conversas particulares com o tal Cara pra ver se eu entendo alguma coisa do que anda acontecendo.