domingo, 21 de agosto de 2011

Maturidade

Na adolescência, quando o caldo começa a entornar, alguns itens dessa teoria começam a cair. Mas, o importante é que quando a maioridade chegasse, tudo seria possível e o mundo seria mais fácil, mais gentil. NOT.

Agora, sou considerada adulta, vivo cercada por adultos – de igual para igual. Lembro-me que no início, há uns dez anos, isso era assustador. Pensava “como eles podem confiar em mim dessa fora para fazer isso?” ou “o que eu estou fazendo aqui?”. Ainda não havia absorvido que tinha entrado para o clube.

Fazendo parte do clube da maturidade, acho engraçado quando as pessoas falam “tal pessoa ainda é imatura, mas quando ficar mais velha, melhora”. Quer dizer, não sei se acho engraçado, acho apenas curioso. Com quase trinta anos, convivendo com pessoas da minha idade e até mais velhas, passei a ver que aquela maturidade idealizada, sinônimo de sapiência, paciência, onisciência não tem a ver com idade. O tempo traz experiência, isso é inegável. Mas acho que ela não é o fator determinante para alcançar a maturidade. É preciso ter lucidez, humildade e até pré-disposição para transformar tempo e experiência em maturidade realmente.

Assim, para mim, por enquanto, o melhor conceito de maturidade é o das frutas. É a passagem do tempo rumo ao fim.

Estrangeiro

É comum ficar viciado em séries de T. Atualmente, acho que estou aficionada pela série de pequenos documentários “Amores Expressos”. A série junat literatura e viagem, logo, é fácil de defender esse meu vício. Ainda não assisti a todos, mas alguns me chamaram a atenção. Eu, que adoro fazer terapia na escola da psicanálise do dia a dia, parei para pensar sobre o que alguns autores descrevem sobre a experiência de passar um tempo num outro país em busca de uma história que ainda não se sabe qual é. Principalmente no caso de um país muito longínquo, seja geograficamente ou culturalmente. A questão de ser um estrangeiro. E mais, a questão de se sentir um estrangeiro. Sobre o fato de dois deles descreverem que se sentem tão estrangeiros naquele lugar quanto em sua cidade, em seu bairro, em seu país de nascimento. Ao menos, sentir-se um estranho de papel passado em outro lugar parece mais lógico, mais reconfortante.

No momento em que ouvi isso, achei que fez todo sentido! Afinal, sentir-se um estrangeiro no seu lugar de origem é estranho, faz sentir que há algo de errado consigo, gera desconforto. As pessoas ao redor também acham isso, ainda que não digam. Em geral, elas dizem, não com todas as palavras, mas dizem. Isso me deu um sopro de alento. Pelo menos posso usar como desculpa para essa vontade de estar em outro lugar, de viver outras vidas, de ser um estrangeiro de fato. Se for para ser um estranho, ao menos serei um estrangeiro!

Para mim, que costumava ser um estrangeiro no meu corpo, que não me reconhecia entre os meus e que nunca foi de Carnaval, talvez veja o exílio em outro países como uma chance de ser eu. Em outro lugar.