segunda-feira, 16 de março de 2009

Mi casa, su casa

Os desenhos dela na infância já davam pistas. Eram sempre pessoas com as malas na mão. Só levavam o que pudessem carregar e as pessoas amadas. Por isso não pareceu estranho quando ela fez as malas e vendeu todos os seus objetos por meio de um blog, a versão moderna do “Família vende tudo”. Cama, estante, luminária, enfeites. Ficou só com o que cabia na mochila e rumou para o Velho Mundo.
Ele chorou ao vê-la se desfazer de seus pertences, que eram parte de sua história e representavam parte de sua vida, as coisas que formavam seu lar. Ela explicou que aquela era só a sua casa. Até então. Seu lar seria onde ela estivesse, com sua mochila e as pessoas que importam, mesmo que fosse apenas na memória. Ele precisava de uma casa aconchegante, com porta-retratos, um porto seguro onde cultivar e guardar todos os objetos que considera especiais, mesmo que seja o jogo de louça trincado da avó. Ela precisa de liberdade inconsequente, seu lar seria onde coubesse suas lembranças e experiências.
Cada um tem o seu lar e o preenche com o que considera mais importante. E assim foi.

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